terça-feira, 9 de agosto de 2011

A alma que eu não quero, mas tenho.

(Aviso, esse artigo é escrito com extrema paixão e envolvimento, então releve qualquer exaspero da parte da autora - ou dane-se, eu sempre preferi tudo de forma apaixonada mesmo...)



Todos que me conhecem bem, sabem de minha admiração e sintonia com a obra desse artista. Christopher não fala sobre personagens, ou sobre pessoas, mas sobre mentes e seus limites. Sentimentos sufocados e moralidades sacrificadas. Sonhos distorcidos e cidades opressivas que encarnam e evocam as mesmas sensações daquele que embarca na sensação de assistir e participar da construção de sentido de um filme de Nolan. É angustia sem choro pra dar vazão. Visceral contemporâneo. Como aquela sensação ao ver um cachorro achatado no asfalto ou um mendigo passando fome e simplesmente virar o rosto e seguir viagem porque está atrasado pro trabalho ou faculdade? Saber, lá no fundo, que algo está errado e ainda assim continuar. Aquela dor muda, incômodo na consciência que já não pesa como você sabe que devia pesar.


É disso que trata o filme. Da alma moderna - ou das vezes em que ela se omite. É isso que os filmes de Nolan evocam. Aquela alma penada com algum resquício de consciência e nenhuma ação. Aquela certeza de que se no mundo há a miséria, a culpa é simplesmente de todos nós que o construímos daquela maneira (e não de um destino ou um Deus caricaturado como o vilão da história pra aliviar a culpa do verdadeiro culpado). É isso que são as cidades de Nolan. São as cidades que construímos para nós. A partir das almas que andamos nutrindo, sacrificando e adiando, e que no filme são, como ratinhos de laboratório, testadas em sua natureza, ao bel prazer do roteirista/diretor.


Christopher Nolan, no modelo mais Inception possível de produzir cidades de aparência (des)montável; saltitante aos olhos. Sufocante, contemporâneo e cinzento. The Dark Knight Rises (2012) teaser...

(a versão legendada disponibilizada pelo Omelete)

Ainda mais com Hans Zimmer criando a alma do filme, num modelo muito parecido com Wojciech Kilar, na música The Beginning - produzida para o filme Bram Stoker's Dracula, 1992, mesma trilha que dezoito anos mais tarde serviu de base para o incrível Danny Elfman criar a Banda Sonora do remake The Wolfman. Observem a música final do teaser, com o coro - deveras angustiante - ao fundo, antes e no momento em que Bane (Tom Hardy) se ergue ante Batman. Agora comparem com a música abaixo, mais precisamente do meio pro final, antes da voz feminina entrar em cena.

Com vocês, THE BEGINNING!


E pros curiosos e admiradores do trabalho do Danny, uma de minhas músicas favoritas da OST de Wolfman: Wolf Suite, Part 1




E ainda sobre o novo filme do Batman, um rabisco sobre o novo antagonista:

Nascido numa prisão, Bane cumpriu prisão perpétua pelos crimes de seu pai. Sua única companhia, um ursinho de pelúcia chamado Osito, possuía um rasgo em suas costas utilizado por Bane para esconder uma faca com a qual ameaçava para se defender de qualquer um que o tentasse intimidar. Cometeu seu primeiro assassinato aos oito anos, além de também vitimar o jesuíta que dele cuidou na infância...



Algumas dúvida que esse é um dos tipos complexos e esfacelados favoritos do Nolan?


Miss Bennet, mas se quiser, pode chamar de Mallorie Cobb.

10 de Agosto, ano de 2011. 01:08h

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